Biografia dos Autores

#Pré-Modernismo

      O pré-modernismo foi um período literário brasileiro , que marca a transição entre o simbolismo e modernismo e o movimento modernista seguinte. Em Portugal, o pré-modernismo configura o movimento denominado saudosismo.

        O termo pré-modernismo parece haver sido criado por Tristão de Athayde, para designar os "escritores contemporâneos do neo-parnasianismo, entre 1910 e 1920", no dizer de Joaquim Francisco Coelho.

Caracterização


         Embora vários autores sejam classificados como pré-modernistas, este não se constituiu num estilo ou escola literária, dado a forte individualidade de suas obras,mas essencialmente eram marcados por duas características comuns: O conservadorismo (traziam na sua estética os valores naturalistas) e a

renovação (demonstravam íntima relação com a realidade brasileira e as tensões vividas pela sociedade do período).


        Embora tenham rompido com a temática dos períodos anteriores, esses autores não avançaram o bastante para ser considerados modernos - notando-se, até, alguns casos, resistência às novas estéticas. Entre os autores dessa fase, destacam-se: Graça Aranha, Augusto do Anjos,Monteiro Lobato, Euclides da Cunha e Lima Barreto. Iremos abordar a biografia de cada um a seguir.


GRAÇA ARANHA 
Nascimento-Óbito: 1868-1931. 
Formação: Direito. 
Grande tema: O regionalismo, como em “Canaã”. 
Grande personagem: Milkau e Lentz. 
Grande obra: Canaã. 
Estilo: Valorização da imaginação, o ideal da filosofia monista de fusão de matéria e espírito no todo infinito. 
Frase: “Aquele que transforma em beleza todas as emoções sejam de melancolia, de tristeza, prazer ou dor, vive na perfeita alegria.”

> Principais Características: 

      Em sua autobiografia, Graça Aranha expressa a intenção de mostrar que toda sua vida se pauta no impulso de libertação, o que aproxima, em essência, a imagem que constrói de si e a dos protagonistas de seus romances. Em Canaã (1902), o imigrante alemão Milkau, após um período de crise existencial e isolamento, procura, no Brasil, desenvolver a "simpatia humana" e integrar-se com o universo através de sensações despertadas pela natureza; daí a recorrência de passagens que exploram cores, formas, sons e cheiros.
Em A Viagem Maravilhosa (1929), Tereza também se entrega aos sentidos como forma de evasão ao casamento infeliz e de busca da liberdade, processo que se acentua ao conhecer o amor com Filipe. Essa semelhança de aspirações deve-se nitidamente à defesa que o escritor faz do ideal da filosofia monista de fusão de matéria e espírito no todo infinito, o que só se consegue pela religião, pela filosofia, pela arte ou pelo amor, segundo tese de A Estética da Vida (1921). Eis aí o cerne de seu pensamento. 

      Outro ponto marcante de sua produção é a valorização da imaginação, que ele vê como o "traço característico coletivo" da cultura brasileira. Referências a lendas, como a do curupira e da mãe-d'água, aparecem em Canaã e na peça Malazarte (1911) e prenunciam um repertório de destaque no Modernismo, mesmo sem compartilhar do "espírito satírico-paródico" de alguns de alguns dos integrantes do grupo, como observa o escritor José Paulo Paes (1926 - 1998). A literatura de Graça Aranha, apesar de ser ele um entusiasta e articulador do movimento que culminou na Semana de 22, nunca adere plenamente à estética modernista e, mesmo em seus momentos mais próximos, deflagra um estilo peculiar ao autor.

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AUGUSTO DOS ANJOS 
Nascimento-Óbito: 1884-1914
Formação: Direito
Grande tema: Os limites humanos
Grande personagem: O próprio “eu” de cada autor
Grande obra: Eu Estilo: Cético, seco, áspero e direto.
Frase: “A mão que afaga é a mesma que apedreja”.

> O público e a critica da época, habituados à elegância parnasiana, consideraram grosseiro e de mau gosto o livro Eu (1912).
> Alguns de seus poemas são vistos como os mais estranhos de toda a nossa literatura, por vários motivos.
> Dentre eles, ressaltamos o vocabulário pouco comum, repleto de palavras com forte carga cientificista: a multiplicidade de influências literárias, que dificulta ou mesmo impossibilita sua classificação estilística: e, principalmente, o desespero radical com que transforma o fim de todas as ilusões românticas em tema recorrente, bem como a fatalidade da morte e o apodrecimento inexorável do corpo, a visão do cosmo em seu processo irreversível de demolição de valores e sonhos humanos.
> Foi o maior destaque na poesia do período.

Augusto dos Anjos é na verde representante de uma experiência única na literatura universal: a união do simbolismo com o cientificismo naturalista.

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EUCLIDES DA CUNHA 
Nascimento-morte: 1866-1909
Formação: Engenheiro
Grande tema: A guerra de Canudos Grande
Personagem: O sertanejo
Grande obra: Os Sertões
Estilo: Grandiloquente e angustiado
Frase: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”.

> Decepcionado com o governo de marechal Floriano Peixoto, Euclides da Cunha abandonou a carreira militar e passo a exercer a função de engenheiro na superintendência de obras públicas de São Paulo.
> Trabalhou também como correspondente para o jornal O Estado de São Paulo e foi responsável pela cobertura jornalística do conflito de Canudos, onde supostamente estaria havendo um levante monárquico.
> Ao acompanhar os episódios finais da chamada Campanha de Canudos, o que viu não foi a reação do Exército Nacional contra a ameaça à República de que se falava no eixo Rio-São Paulo, mas um massacre, um genocídio, resultante do encontro de duas sociedades que mutuamente se ignoravam: o litoral civilizado, europeizado, e o sertão inculto, bárbaro.
> A constatação da existência dos “dois brasis” e da criminosa forma com que se defrontaram nessa campanha levou o jornalista a idealizar Os Sertões, obra que denuncia contradições nacionais ainda não superadas e que manifesta um profundo sentimento patriótico.

Euclides da Cunha Chegou a conclusão: “o sertanejo é antes de tudo, um forte”. Revendo as teorias de superioridade de raça e degenerescência social em vigor no começo do século 20, o autor de Os Sertões reconheceu a força genuína desse homem, vítima da pobreza, da desnutrição, do analfabetismo, da doença.

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LIMA BARRETO 
Nascimento-morte: 1881-1922
Formação: Curso de engenharia incompleto
Grande tema: Subúrbios do Rio de Janeiro
Grande personagem: Pequenos burocratas
Grande obra: Triste fim de Policarpo Quaresma Estilo: Coloquial e irônico Frase: “A pátria que quisera ter era um mito”

> Lima Barreto era mestiço e sofreu preconceitos por conta disso. Sua sobrevivência foi garantida graças ao seu trabalho como jornalista. Esteve internado devido ao alcoolismo. Esses problemas, direta ou indiretamente, aparecem como temas das obras de Lima Barreto.
> O seu romance mais importante é Triste fim de Policarpo Quaresma (em 1911, publicado em forma de folhetim e quatro anos depois, em livro).
> A proximidade entre o jornalista e o escritor torna a literatura de Lima Barreto mais coloquial e, portanto, mais acessível ao grande público.

A incorporação de recursos da crônica jornalística é visível em seus textos, nos quais a simplicidade da linguagem, sua aproximação da fala cotidiana e a ironia sempre contundente estão voltadas para a denúncia de injustiças e arbitrariedades cometidas no Brasil pós-republicano, de que o autor traça um verdadeiro painel crítico e repleto de indignação.

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MONTEIRO LOBATO
Nascimento-morte: 1882-1948
Formação: Direito
Grande tema: As mazelas e potencialidades do Brasil
Grande personagem: O caipira brasileiro
Grande obra: Urupês Estilo: Conciso, vigoroso e irônico.
Frase: “Um país se faz com homens e livros”


> Monteiro Lobato notabilizou-se por uma “contradição” que o perseguiu por muitos anos. De um lado, a produção paulista apresenta inovações bastante modernas: a linguagem presente em suas obras é simples e marcada pela oralidade e ele denunciou muitos problemas nacionais, como a decadência das cidades do vale do Paraíba após o deslocamento da produção da produção de café para o oeste paulista. Por outro lado, Lobato, em 1917, mostrou-se um conservador quando escreveu um artigo conhecido como “Paranoia ou mistificação” em que criticou as obras vanguardistas da pintora Anita Malfatti.
> Como escritos, Lobato destaca-se como criador da literatura infantil brasileira. Suas histórias e fábulas, ambientadas no “Sítio do Pica-pau Amarelo”, tem marcado gerações e gerações de leitores. Nela, o Brasil arcaico, rural, se mistura com o Brasil moderno, da ciência e do petróleo; personagens de tradições diversas, como o Dom Quixote, Popeye, o Pequeno Polegar e os heróis gregos se misturam com suas inesquecíveis criações—Dona Benta, Narizinho, Pedrinho, a boneca Emília, o Visconde de Sabugosa...
> Na literatura adulta, Lobato é sobretudo um “contador de histórias” caipiras. Ele revelou, por meio de Jeca Tatu, personagem de conto do livro Urupês, a situação de abandono do trabalhador rural e da agricultura brasileira. Jeca Tatu era o símbolo do caipira pobre, doente e desamparado.

Seus cenários, personagens e enredo resgatam o Brasil rural em extinção, com um tom marcado pela oralidade e uma constante preocupação com as contradições do país, no impasse entre o atraso e a modernização.






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