Paródia das Obras Poéticas

                    
Parodia- Bula de remédio

Pegue o remédio
Pegue a bula
Pegue na bula o item referente a posologia
Leia o item
Leia de trás para frente observando as porções
Veja as maldades
De acordo com a dose de cada frasco
Beba conscientemente a porção que desejar
O resultado vem em seguida
E como incompreendido você será tratado,
Beba, beba, guth, guth.



Original- Para fazer um poema dadaísta
Pegue num jornal. Pegue numa tesoura. Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pretende dar ao seu poema. Recorte o artigo. Em seguida, recorte cuidadosamente as palavras que compõem o artigo e coloque-as num saco. Agite suavemente. Depois, retire os recortes uns a seguir aos outros. Transcreva-os escrupulosamente pela ordem que eles saíram do saco. O poema parecer-se-á consigo. E você será um escritor infinitamente original, de uma encantadora sensibilidade, ainda que incompreendido pelas pessoas vulgares. 






Comentários:
 
      Parodia baseada no poema dadaísta “Receita de como fazer um poema” de Tristan Tzara.
    O Dadaísmo foi mais radical dos movimentos de vanguarda. Tem como principio, a negação da lógica, da coerência e da cultura, uma espécie de protesto contra o absurdo da guerra. Não havia o por que de uma arte bonitinha e bem feita, se tudo seria destruído pelo bombardeamento da guerra que estava acontecendo. 

    Curiosidade! 

    Vanguarda é o nome que se dá a uma tendência ou conjunto de tendências que, num determinado momento histórico, se opõe ao estilo vigente, especialmente no campo das artes. Portanto, o termo está associado a ruptura, a choque.

Paródia -  Vou-me Embora pra Universidade 


Vou-me embora pra universidade
Lá serei amigo do reitor
Lá tem conhecimento a lá vontê
E continuarei como interlocutor
Vou-me embora pra universidade

Vou-me embora pra universidade
Beber e comer conhecimento
A formação é minha busca constante
Ciência, tecnologia e amizade
A universidade é o meu futuro
Lá construirei minha verdade
Sem animosidade
Para hoje, pra ontem e pra sempre

Medicina, Biologia e Direito
Possíveis caminhos da minha busca
De ser homem do presente
Mudando do mundo a conduta
De quem quer tudo novo
Na convivência com os mestres docentes
Serão memórias do tempo de hoje
Marcadas na vida de quem estudou
Pra ser médico, biólogo e advogado
Vou-me embora pra universidade

Depois desse tempo outro futuro virá
Estabilidade e felicidade
Por ter construído com meus mestres docentes
Um pouco de alguma verdade
Que me seguirá mundo à fora
E marcará as muitas escolhas
De quem foi à universidade
E saiu com muitos sonhos

Sonhos de ganhar o mundo
De ter família ao meu redor
E descansar já na velhice
Depois de um caminho trilhado
Com netos a me alegrar
Lembrarei dos tempos da universidade
Quando construí um possível lugar
Pra viver até morrer.

Original - Vou-me Embora pra Pasárgada 


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo S
ubirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Comentários:


Libertinagem é considerado o livro mais vanguardista de Manuel e o primeiro totalmente modernista, Vou- me embora pra Pasárgada é um dos poemas que está dentro desse livro.
Neste poema Bandeira busca a utopia.





Curiosidade!
Manuel Bandeira busca neste poema uma realidade que não era a sua, pois aos 18 anos foi diagnosticado com tuberculose, e por conseguinte era privado de fazer muitas coisas na sua vida.
No poema Vou-me embora pra pasárgada o autor expõe todas as vontades de fazer coisas que ele não poderia na vida real por causa da doença, como por exemplo: andar de bicicleta, subir no pau de sebo, tomar banho de mar e namorar.

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